sábado, 29 de junho de 2013

A lei das sementes

Olá,


Não sei se já ouviste falar desta notícia:


Esta lei das sementes vai implicar que tudo o que seja vendido para ser semeado tenha de estar registado algures numa agência qualquer de acção europeia. O que não estiver lá registado como espécie "certificada", poderá dar pena criminal a quem vender. Mas não fica por aqui...

Não será permitido, supostamente, trocar ou mesmo semear estas sementes "criminosas", que não estão registadas, por muito puras que sejam. Pode-se sempre registá-las, através dum processo burocrático moroso e dispendioso para quem vive da terra. Sim, estamos a falar em pessoas que, como eu ambiciono, subsistem daquilo que a terra lhes dá. Mesmo esses, terão de registar as suas sementes. Porquê, estarás tu a perguntar agora, não?

A desculpa "oficial" é que é para proteger a saúde pública, a higiene alimentar, blá blá blá... A verdadeira história por trás disto é a seguinte. Há uma empresa chamada Monsanto, que se apresenta como uma empresa de agricultura sustentável e que vende, entre muitos outros venenos a que chamamos muitas vezes "comida", o herbicida mais famoso do mundo, o RoundUp. É um produto extremamente poderoso pela sua toxicidade e a sua eficácia é tal que até os solos morrem. Mas, perguntas-te tu, se mata os solos, como é possível que a agricultura seja sustentável? Precisamente, não é... É sustentável se tivermos dinheiro para pagar à Monsanto sementes novas a cada ano pois a marca vende sementes resistentes ao seu produto, feito conseguido pela manipulação genética. E vende também um fertilizante que faz estas sementes desenvolverem-se espetacularmente bem, dando níveis óptimos de produção, em termos de quantidade.

Em termos de qualidade, é óbvio que decresce a cada ano. Tudo o que as plantas precisam está na terra e aquilo que a terra precisa para as plantas está nas próprias plantas, daí que haja um apelo à compostagem orgânica para uma reciclagem biológica dos nutrientes e dos solos. A Monsanto criou um negócio e anda a brincar com a saúde pública, com a  nossa saúde há já demasiado tempo. E agora quer que o governo europeu controle as sementes que são aproveitadas de um ano para o outro, processo que existe há várias gerações, um pouco por todo o lado, sementes essas que são biológicas e que fornecem produtos alimentares de qualidade. Bem fez a Hungria, é uma atitude a ter como exemplo. Quando o governo e as empresas que o controlam tomarem conta da única liberdade que ainda nos resta, a liberdade de plantarmos aquilo que quisermos e que a terra permite para nos alimentarmos com qualidade nutritiva (porque é disto que se trata), aí sim, a saúde pública estará ameaçada. Eu não confio nem em empresas megalómanas nem em políticos corruptos para decidirem aquilo que é melhor para a minha alimentação. Há conhecimento empírico suficiente e bastante divulgado acerca do que é saudável ou não para um ser humano e que tem em conta as diferentes necessidades de cada tipo de pessoa.

Não à industrialização da comida, que cria milhões de toneladas de desperdícios todos os anos e que se preocupa unicamente com a parte estética e legal da alimentação. A parte nutricional, que é, no fundo, a razão pela qual nos alimentamos, está a ser esquecida e passada para segundo, ou terceiro plano. Se alguma vez houve uma altura para nos revoltarmos, essa altura é agora. Os agricultores de Trás-os-Montes e do Alentejo já avisaram que vão dar luta ao cumprimento desta lei. Há quem tente suavizar as coisas, mas no dia que me vierem bater à porta a dizer que o que eu produzo no meu talhão de 25m2 é crime, eu vou dar luta.

Até breve.

Sem comentários:

Enviar um comentário